domingo, março 01, 2009

Porto-Coimbra



Sentada, aconchego-me ao banco que me vai suportar até ao fim da jornada. O espaço é diminuto, o ambiente é gélido e de cortar a respiração. Não há folhas de papel, não há jornais, não há revistas, não há livros, não há tradição. A carruagem vai a abarrotar e as pessoas vão coladas aos ecrãs dos portáteis e de auscultadores postos nos ouvidos. Ninguém fala, ninguém estabelece contacto com ninguém. Silêncio. Anónimos que irão ser anónimos até ao fim da viagem. Ninguém que vai continuar a ser ninguém. Tantos e tão poucos. Trocas de olhares constrangedores, unhas ruídas, sorrisos amarelos, olhos vagos que pensam na vida. A viagem outrora duradoura e criadora de novas amizades, torna-se agora em mais um lugar de isolamento. Mais um lugar onde não passamos de mais um, do anónimo que por aí vagueia, que não comunica, que cala e consente…. Fechamos os olhos e só nos preocupamos com o nosso destino, com a nossa paragem. Tudo o resto e todos aqueles que nos rodeiam são deixados em vão e tidos como ninguém.
Nós, continuamos a marchar sozinhos pelo trilho que antigamente era consumado por uma multidão.