sexta-feira, dezembro 15, 2006

Tudo por causa do chá...












Acordo e o meu espanto não podia ser maior."Está a nevar, está a nevar", acordei a casa toda. Nunca me tinha despachado tão rapidamente para sair de casa. Quem é que não gosta de se divertir com a neve?
De um momento para o outro, uma forte rajada de vento arrasta-me. Sou sugada para junto de um porto. Havia umas casitas perto, navios atracados, algum rebuliço pairava no ar. O "tio H" chama-me e explica-me o que se iria passar."Estamos nas colónias americanas inglesas, ou seja, nos actuais EUA. Para mim, o que vamos assistir tem certa piada. Vamos ali para trás para podermos visualizar tudo muito bem e nos apercebermos do que se passou no dia 16 de Dezembro de 1773."
Havia o género de um estaleiro, onde deveriam arrumar os produtos trazidos pelos navios, à porta estavam caixas grandes e é atrás uma dessas caixas que nós nos escondemos. Pouco tempo depois de termos arranjado o nosso esconderijo, começam a aparecer índios."Mas que coisa tão estranha, índios aqui? Será que isto é alguma cena para um filme?"-pensei.
Os colonos americanos do norte estavam indignados com os impostos sobre o chá, que a metrópole impôs. Visto que, o chá era um dos produtos que eles mais compravam e que por natureza já era caro. Quando um navio estava a atracar, e pelo que conseguia ver parecia estar bem carregado, começa a ser atacado pelos índios. Tudo o que estava dentro do navio foi deitado para o mar, o navio vinha carregado de chá. O mar estava completamente atulhado de chá, a água estava achásada! Acabava de assistir à Boston Tea Party.Com isto os colonos americanos do norte demonstraram como estavam revoltados com a metrópole.
Se queriam aumentar o preço do chá e muitas pessoas não o podiam comprar,assunto resolvido. Não havia chã para ninguém. Eu e o "tio H", fomos convidados para ir tomar uma chávena de chã com um grupito dos pseudo-índios. Quando acabámos fomos novamente sugados , e eu voltei para junto da minha neve onde me diverti pelo dia fora....

domingo, dezembro 10, 2006

Pelo mar fora...



Era Domingo e a tarde parecia que estava adequada ao dia. Uma daquelas tardes de Inverno, com chuva, onde em frente à lareira só nos apetece dormir. Hum, era mesmo o que me estava a apetecer fazer. Estava eu a dormir e a sonhar com o mar, quando acordo sobressaltada. Parecia que tinha caído em algum lado .Olho para todos os lados e vejo muitas pessoas, isto só podia ser obra do "tio H", mas onde está ele?
Passado um bocado, no meio de toda aquela multidão lá o encontro.
"Eu disse-te que a nossa próxima expedição iria ter muita água e assim vai ser. Estamos a 9 de Março de 1500.Este ano que te diz?"
"Pedro Álvares Cabral descobre as Terras de Vera Cruz, acertei?"
O "tio H", confirmou e disse que nós íamos partir da zona do Restelo, onde nos encontrávamos, com o objectivo de concluir relações comerciais com os portos índicos de Calicute, Cananor e Sofala, iniciadas na viagem de Vasco da Gama. Portanto à partida não deveríamos chegar ao actual Brasil.
A viagem estava a ser bastante atribulada, tínhamos pouco para comer, e para beber, as condições como é lógico não eram nada boas. Não tínhamos saco cama!!!! Mas tirando isto eu e o “tio H” estávamo-nos a torna uns valentes marinheiros.
Passado 1 mês e 14 dias, a rota foi um pouco alterada, eu já estava a prever o que ia acontecer.
“Terra à vista!!!”. Toda a tripulação ficou entusiasmada, havia marinheiros que infelizmente não tinham chegado até ali, visto que, tinham morrido de peste, ou com outras doenças.
Quando pisámos a terra, começámos a investigar.
“Não nos podemos afastar, do resto da tripulação, como sabes aqui não são pessoas civilizadas, não nos conhecem e vão reagir mal!”, avisou-me o “tio H”, que como sempre tinha a lição bem estudada.
Dos animais que nós levávamos eles só conheciam o papagaio, tudo o resto era novo, desconhecido.
A nossa estadia durou até dia 2 de Maio. Os nossos novos amigos, começaram a entenderem-se connosco, foi muito engraçado todo aquele processo de aculturação que eu vivi naqueles dias. Eles quando nos ouviam falar ficavam completamente espantados, como se nós fossemos seres de outro mundo, na realidade éramos. Separados por um oceano, e com séculos de evolução estávamos perante um contraste tão grande. Por vezes parecia-me assustador. Entre eles havia uma cumplicidade tão grande e tão bonita de se ver, mas connosco ao princípio desconfiavam de tudo o que fazíamos. As caras que eles faziam, que graça.
Após a realização de uma missa os navios rumaram até à Índia como estava previsto inicialmente. Eu e o “tio H”, ficámos pelo caminho….
Aquele vento voltava, era um género de ciclone que nos arrastava e levava novamente para o nosso mundo.